7 de dezembro de 2023

Plano de Putin para implantar armas nucleares em Belarus é uma manobra de distração No sábado (25), o presidente russo Vladimir Putin anunciou em entrevista à televisão estatal russa que pretende instalar armas nucleares táticas em Belarus, seu país vizinho aliado que já foi palco de uma parte da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Quando Putin menciona a palavra “nuclear”, o mundo inteiro fica atento, e é justamente isso que parece ser uma das principais razões pelas quais ele fez esse anúncio. Contudo, como é de costume com Putin, é preciso ler nas entrelinhas e avaliar o contexto. As armas que ele planeja enviar para Belarus não são armas nucleares estratégicas, aquelas que consistem em enormes mísseis balísticos intercontinentais capazes de destruir a vida na Terra caso sejam lançados.

As armas nucleares táticas, por sua vez, são menores, mas ainda assim bastante poderosas e podem ser utilizadas em batalhas. Putin tem feito ameaças de guerra nuclear há cerca de um ano, principalmente quando suas operações militares na Ucrânia não estão indo bem.

No entanto, é importante não se deixar enganar por essa manobra de distração. O plano de Putin de enviar armas nucleares para Belarus pode ser uma tentativa de distrair o mundo dos problemas internos de seu país, como a queda na popularidade e a crise econômica. Além disso, essa jogada também pode ter como objetivo testar a reação da comunidade internacional e avaliar a disposição dos países ocidentais em impor sanções contra a Rússia.

Isso pode ajudar a contextualizar o anúncio feito por Putin, pois ele enfrenta muitos problemas atualmente. As forças russas estão bombardeando cidades ucranianas do ar, mas sua ofensiva terrestre não está progredindo muito.

Apesar de ter assinado vários novos acordos comerciais com a China, Putin não tirou muito proveito de sua cúpula com o líder chinês Xi Jinping. Na verdade, a Rússia agora parece ser o parceiro minoritário da China.

Além disso, há o Tribunal Penal Internacional e o mandado de prisão que foi emitido para Putin.

Agora, vamos aos detalhes.

Putin está culpando o outro lado por sua decisão, dizendo que a tomou em resposta ao fornecimento pelo Reino Unido de munição antitanque contendo urânio empobrecido à Ucrânia.

Putin acusa o Reino Unido de estar escalando a situação de forma perigosa. No entanto, o Reino Unido nega essa acusação, explicando que a munição é usada apenas para fins convencionais.

Putin afirma que a Rússia está construindo uma instalação de armazenamento para armas nucleares táticas que estará pronta em julho. Ele não especificou a data em que as armas táticas serão implantadas.

Além disso, ele observa que a Rússia já possui 10 aeronaves capazes de transportar armas nucleares, bem como vários sistemas de mísseis Iskander de curto alcance que podem transportar armas nucleares.

Significativamente, o líder russo disse que não transferirá o controle das armas nucleares táticas para o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que tem solicitado essas armas há muito tempo.

Isso parece estranho para dois ex-diplomatas americanos com quem falei.

Eles apontam que Lukashenko assinou um acordo em 1994 para abrir mão das armas nucleares estratégicas que Belarus ainda possuía no final da Guerra Fria.

Por que ele decidiria fazer isso? Um diplomata aponta que as armas teriam que ser mantidas por forças russas que estariam permanentemente estacionadas em solo bielorrusso, o que é um sinal de que Lukashenko está ainda mais sob o controle de Putin.

A administração Biden parece não se abalar com o anúncio de Putin. A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, disse que os EUA estão monitorando as implicações da declaração de Putin, mas acrescentou: “Não vimos nenhuma razão para ajustar nossa própria postura nuclear estratégica, nem quaisquer indicações de que a Rússia esteja se preparando para usar uma arma nuclear. Continuamos comprometidos com a defesa coletiva da aliança da Otan.”